sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Primeiro Casal



Deitada na cama, a esposa nua ouvia o ruído da água escorrendo enquanto seu marido tomava uma chuveirada. Sua vontade de se levantar era mínima, mas ela sabia o que dever a chamava.

O esposo apareceu enrolado em uma toalha, porém com o corpo ainda úmido. Ele sorriu para sua amada, que esticou a mão, chamando-o de volta para a cama. Ele sabia que podia atrasá-la; naquele dia, ele sairia de casa apenas no período da tarde, enquanto ela sairia dentro de uma hora. Bom, ela sabia o que estava fazendo. Sempre sabia.

Era só mais uma manhã, como qualquer outra. O marido e a esposa haviam acordado após uma noite de amor, e de manhã fariam amor novamente.

Quando havia percebido o marido, a esposa havia ido embora. Bons momentos que passavam rápido. Amava aquela mulher, e agora sentia a falta dela.

Sentiria para sempre.

Não fariam mais amor.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Natureza em dúvida



Selo de pedra
Homem da terra
Trevo sem folhas
Espuma sem bolhas

Frustrada de pedra
Louca sem terra
Não serei eterna
Pois todo vidro quebra

Diamantes que se quebram
Estátuas de giz que ficam
Paradoxos que complicam
Mas dúvidas explicam.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Jogo de Sinos



Deixe-me ter um minuto
Pequeno e delicioso furto
Escuto ao longe os sinos
A igreja toca os ritmos
E eu peco os desejos

Dance apenas
Joguemos
Amores fora
Façamos apenas Jogos

Solo sagrado
Corpo abençoado
Toque os sinos
Cante e engula os hinos
No chão do templo.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Roubaram meu caderno de poemas



Roubaram meu caderno de poemas
Esqueceram de ter pena!
Não sei agora o que faço
Sem ter onde chorar minhas mágoas perversas, plenas
Viverei na cegueira
Morta, escrita, sanguinária, fria
Intrusa, banhada
Em sangue
Roubaram meu caderno de poemas!
Fuja! Não serei eu, desta vez, que terei pena!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Diários de Lúcia, Opus 3



Mito sem vergonha,
Muito obrigada, disponha
Minha risada triste
Nada segura, mas firme
Fico sem nenhuma estrutura
Mas minha loucura por você não tem cura
Sem muitos beijos
Sem muitas cores
Temos apenas um caso tenso
De cinturas ferventes e beijos e cores
Estranho conceito
De par imperfeito
Lucíola das dores
Mulher sem pudores.
Beija meu seio
Destrua meu leito
Meu sentimento absoluto
Por este movimento astuto
Não sou mulher de um
Mas sou mulher de um
Não sou mulher de muitos
Sou companheira de muitos
Escuta o amor tão surdo
Ainda o amo, o quero muito
Caminha comigo até meu leito impuro
Caça comigo as dores no escuro
Não durma sozinho
Pois hoje está frio
Vem, fica quentinho
Deitado comigo
Queima até os ossos
Congela o coração
Por hoje, não serei seu chão
Serei apenas deu pecado
E teu perdão.